domingo, agosto 26, 2007

Se eu morrer

Se eu morrer (e somente se)
Não quero homenagens
estas, as quero em vida

Não façam uma festa, não façam um velório.
Os doces e a comida, que venham enquanto se abrem os meus olhos.

Se eu morrer (coisa que decerto já não tenho tanta certeza).
Não derramem suas lágrimas,
Não sintam saudade,
Prefiro que mostrem agora sua boa vontade.

Ah... se meu corpo vier a padecer...
Se minha luz não perdurar ao anoitecer...
O meu corpo?! Deixem apodrecer!
Façam o que quiserem.
Num momento como este algo assim não há de me apetecer.

O morto sobre a vida não deve ter algum poder
Afinal, o que os mortos tem com a vida ver!

E se um amor eu um dia chegar a conquistar (incertezas, incertezas...)
Peço para, no minuto seguinte, o defunto desprezar.
E preencher o coração com o calor de um outro vivo
Talvez até mais carinhoso e altivo.

E, se eu morrer, façam a revolução!
Esta deve ser feita estando eu vivo ou não!
Façam a estrela da liberdade brilhar!
Coloquem o valor da vida acima de qualquer outra coisa a se pensar.
Mas, se der, façamos isto antes que um verme vá me devorar.

Só uma idéia...
Nem ao menos sei se minha hora vai chegar...