sábado, janeiro 05, 2008

Solidão caipira (ou "O reclame esteriotipado do interior")

Ah, marvadas...
Dexaram meu coração piquinininho quem nem vaga-lume no pretume duma noite sem lua...

Mais nesse peito bate um coração de cabra forte.
Que no passar do sol-a-sol vai se aprumar como se fosse galo de briga.
Enquanto que os moços que ocêis vão escoiê vão ti trocar pela primeira rapariga.

A curpa é do cupido!
Muleque ranhento e atrapaiado!
Deve di tá mar das vista...

Purquê qui cum tanta minina por aí, ocê mi flecha justo pra essas?
E inda por cima o disgracento me erra o peito das sinhoritas!

Vô ti denunciá pru Curupira!
Por fazê mal ao peito desse caboclo.
E quando o cabeleira di fogo vier ti castigar ocê vai ver o que bom para tosse!

Mais vortando ao meu coração:
Coitadinho, tá que é só terra seca...
Nem a coivara faiz nasce planta nessa vereda.

Verdade que nunca fui um rapaiz charmoso,
E nem de longe forçudo.
Só que pra compensar fui meloso dimais...

Por isso que as moça sempre mangaram de mim.
Ah, mais deixa assim.

O mulheril vai se surpreendê
Quando o caipira aqui sair pegando cada cabrita que vê.

Tarveiz uma delas inté faça dentro di mim chovê
Mais acho mais fácil fazê menos travessura o saci-pererê.

Vamo vê...

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